14 julho, 2017
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Sul Fluminense registra média de 25h sem energia elétrica em 2016

O fornecimento de energia elétrica no estado do Rio piorou nos últimos cinco anos. De acordo com o estudo “Retrato da Qualidade da Energia no Estado do Rio de Janeiro”, divulgado pelo Sistema FIRJAN terça-feira, 11, durante o seminário “Energia Elétrica, Indústria e Competitividade”, em média, os municípios fluminenses ficaram 25 horas sem energia em 2016. Na comparação com 2011, o tempo de interrupção aumentou 10,2%. A média nacional é de 16 horas sem fornecimento. “Um cenário assim afasta novos investidores e inibe qualquer iniciativa de expansão”, disse o vice-presidente do Sistema FIRJAN, Carlos Mariani Bittencourt, na abertura do evento.

A cidade de Angra dos Reis, no Sul Fluminense, por exemplo, ficou mais de 48 horas sem energia. Paraty, município com economia de base turística, teve 46,81 horas de interrupções. Nos dois casos, a baixa qualidade da energia é um dos maiores gargalos ao desenvolvimento municipal, impactando negativamente a atratividade de novos investimentos. Barra Mansa e Volta Redonda possuem os indicadores mais baixos, mas mesmo assim, acima do adequado para os municípios, cujos principais setores industriais (siderúrgico, metalúrgico e metalmecânico) são intensivos em energia elétrica.

Concentradores do cluster automotivo do estado e, por isso, com atividades de uso intensivo de energia, Resende, Porto Real e Itatiaia também registram números de interrupções e ocorrências elevados. Em Porto Real foram registradas 19,1 horas de interrupções e em 2016. Em Resende 20,11 horas e, em Itatiaia, foram 20,79 horas de interrupções. A baixa qualidade da energia elétrica não apenas reduz a atratividade de novos empreendimentos, como causa grandes prejuízos para as indústrias instaladas nos municípios.

Durante o evento, o vice-presidente do Cluster Automotivo do Sul Fluminense, Mauro Barroso, disse que uma “interrupção de um minuto para uma indústria automotiva é carro perdido”. Desde que foi fundado, em 2012, uma das prioridades do grupo é buscar solução efetiva para as perdas de milhões de reais causadas pelas interrupções e oscilações de energia. Com o apoio da FIRJAN, em abril deste ano, o grupo conquistou um pleito para implantação de uma linha de transmissão de 500kV, em Resende. O lote, arrematado em leilão da Aneel, foi o mais disputado e recebeu 15 propostas.

A melhoria no fornecimento de energia também é uma das principais demandas da Agenda Regional do Mapa do Desenvolvimento (2016-2025), criada pelos empresários da FIRJAN no Sul Fluminense. Para o presidente da Representação Regional FIRJAN/CIRJ, Edvaldo de Carvalho, a baixa qualidade da energia elétrica não apenas reduz a atratividade de novos empreendimentos como causa grandes prejuízos para as indústrias instaladas nos municípios. “Este avanço deve ocorrer de forma mais rápida nos municípios com piores índices, buscando um equilíbrio regional. Assim, teremos uma atração maior de investimentos e de desenvolvimento socioeconômico”, salienta.

De acordo com o Sistema FIRJAN, o acesso à energia elétrica com qualidade, segurança e a preços baixos é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico e industrial. Para melhorar o serviço oferecido no estado, a Federação das Indústrias defende investimentos por parte das distribuidoras, além de uma modernização da regulação a partir de uma visão integrada de todo o setor. As propostas apresentadas pelo Sistema FIRJAN para a melhoria do ambiente regulatório são a criação de indicadores que mensurem as interrupções abaixo de três minutos, a identificação das classes de consumo nos conjuntos elétricos, o desenvolvimento de pacotes de fornecimento de energia elétrica com qualidade e preço diferenciado para a indústria e o estímulo à expansão das redes inteligentes de energia, as chamadas smart grids.

Segundo o superintendente de Concessões, Permissões e Autorizações de Transmissão e Distribuição da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Ivo Sechi Nazareno, a agência tem trabalhado para encontrar, cada vez mais, a relação de equilíbrio entre qualidade, investimento e tarifa. O presidente da Enel Distribuição Rio, Ramon Castañeda, citou algumas das medidas que a empresa vem adotando para melhorar a qualidade do fornecimento de energia. “Temos um plano de manutenção e identificação de defeitos na rede, assim como investimentos para a melhoria da rede e a adoção de novas tecnologias”, comentou Castañeda.

Também participaram do seminário o presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Leite, e o presidente do Conselho Empresarial de Energia Elétrica do Sistema FIRJAN, Sergio Malta. Representando os consumidores industriais, também estavam o presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Edvaldo Santana, e o presidente do Sindisal (Sindicato da Indústria de Refinação e Moagem de Sal do Estado do Rio de Janeiro), Luis Césio Caetano. No encontro, o Sistema FIRJAN lançou seu novo site de energia elétrica (www.firjan.com.br/energiaeletrica).

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