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12 setembro, 2024
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Uso de cigarros eletrônicos entre jovens acende alerta para riscos à saúde

O uso de cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como “vapes”, têm gerado crescente preocupação entre especialistas em saúde pública devido ao aumento do consumo entre jovens e adolescentes. Embora o número de fumantes no Brasil tenha diminuído significativamente desde o final dos anos 80, a popularização dos cigarros eletrônicos está ameaçando essa tendência, especialmente entre os mais jovens.

 

Esses dispositivos, que surgiram no mercado americano em 2007, são conhecidos por vários nomes, incluindo vape, e-cigs e pendrive. Eles funcionam com baterias de lítio e utilizam um refil líquido que contém nicotina, solventes, água e outras substâncias, como flavorizantes. Quando aquecidos, esses líquidos geram aerossóis que, além da nicotina, contém outras substâncias potencialmente perigosas para a saúde.

 

A médica pneumologista Alessandra Schneider, professora do Instituto de Educação Médica (IDOMED), destaca que o vape é projetado para vaporizar a nicotina, uma substância que causa dependência ao atuar no sistema nervoso central. “Além da dependência química, o aspecto comportamental é um agravante significativo. Os cigarros eletrônicos não produzem odores desagradáveis, o que facilita seu uso descontrolado por adolescentes e adultos em ambientes sociais”, alerta Alessandra.

 

Apesar da proibição de produção, venda, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos no Brasil, esses produtos continuam a circular de forma ilegal, principalmente através da internet e das redes sociais. “A ampla variedade de sabores disponíveis torna o produto ainda mais atrativo para os jovens, incentivando a experimentação e o uso contínuo, mesmo diante dos conhecidos riscos à saúde”, afirma Alessandra.

 

Embora os efeitos a longo prazo do uso de cigarros eletrônicos ainda não sejam totalmente compreendidos, os especialistas apontam para uma série de problemas de saúde associados, como doenças respiratórias agudas e crônicas, irritações na garganta e lesões pulmonares. Há também preocupações de que o uso prolongado desses dispositivos possa estar ligado ao desenvolvimento de câncer, problemas cardiovasculares e comprometimento do sistema imunológico.

 

Cigarros Eletrônicos e Dependência

 

Assim como acontece com o cigarro comum, o uso do vape também está diretamente relacionado à dependência. Isso ocorre devido à presença da nicotina, substância comum nos dois tipos de cigarros e que, comprovadamente, atua em áreas importantes do cérebro, produzindo sensação de bem-estar e prazer.

 

De acordo com a psicóloga Andresa Souza, professora do curso de Psicologia da Estácio, a dependência provocada pelos cigarros no organismo humano envolve aspectos comportamentais e psicológicos. “No primeiro, temos uma relação direta com fatores sociais, como a atual moda do vape entre os mais jovens, o que faz com que o consumo seja associado a um status de pertencimento. Já o segundo diz respeito ao efeito da nicotina no sistema nervoso central, que é de intensa, porém momentânea, sensação de prazer, provocando o comportamento de dependência”, explica.

 

A psicóloga destaca que o efeito de bem-estar sentido pelo fumante dura pouco tempo, o que faz com que ele logo tenha vontade de senti-la novamente. “Assim, a busca por tal sensação leva ao aumento no consumo de mais cigarros, fazendo com que sejam necessárias doses cada vez mais fortes para conseguir a mesma sensação de prazer”, conclui Andresa.

 

Inca e Fiocruz anunciam agenda conjunta contra o cigarro eletrônico


O Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciaram esta semana, dia 11 de setembro, um acordo de cooperação técnica com a finalidade de produzir e divulgar conhecimentos científicos sobre os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos.

 

O objetivo da ação das duas instituições é fortalecer as políticas públicas de controle do tabagismo mantendo um grupo permanente de trabalho para a produção de dados científicos e econômicos sobre o potencial impacto negativo da inserção dos DEFs no mercado.


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