10 fevereiro, 2012
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Boato ou triste realidade?

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Enquanto prefeitura garante que Votorantim continuará em Barra Mansa, Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense alerta sobre possível saída

 

A região Sul Fluminense conta com muitas cidades que acrescentam no desenvolvimento econômico do Estado e do Brasil, gerando empregos e oportunidades. Entre elas, os destaques são Volta Redonda, a maior cidade da região, que conta com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), além de Resende e Porto Real, que a cada dia recebem novos investimentos.""
Ao contrário dessas cidades citadas acima, está Barra Mansa, que além de ter dificuldades de trazer novos investimentos para a cidade, corre o risco de perder sua principal indústria, a Votorantim, uma empresa 100% brasileira, com atuação em mais de 20 países. O Grupo Votorantim concentra operações em setores de base da economia que demandam enorme capital e alta escala de produção, como cimento, mineração e metalurgia (alumínio, zinco e níquel), siderurgia, celulose, suco concentrado de laranja e autogeração de energia.
Recentemente, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Renato Soares, alertou a população sobre uma provável saída da empresa de Barra Mansa. Os motivos alegados pelo presidente são o esvaziamento da fábrica de Saudade, que recentemente demitiu 80 funcionários. De quatro equipamentos, dois foram transferidos para Resende, sendo que um dos que ficou em Barra Mansa, não está em funcionamento. Na aciaria, apenas um dos dois fornos está funcionando. Outros fatores que levaram à desconfiança de Renato Soares foi o fato de a Votorantim ter vendido sua participação na Usiminas e de terem desativado o Laminador Intermediário de Perfis em Barra Mansa.
Em contrapartida, a Prefeitura de Barra Mansa garante que a empresa ficará na cidade. Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, o prefeito Zé Renato (PMDB), juntamente com o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Luis Antônio Nogueira Feris, se reuniram com o diretor industrial e o gerente industrial da Siderúrgica, Luciano Ferreira Lopes e Luiz Felipe Cardoso Oliveira, respectivamente, para darem fim a esse boato. Segundo o release da prefeitura, que não comunicou à imprensa e nem mesmo ao Sindicato dos Metalúrgicos sobre essa reunião, a Votorantim irá investir R$ 23 milhões em Barra Mansa.
Para nos inteirarmos melhor deste polêmico assunto, entrevistamos o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Renato Soares, que não ficou muito convencido com as declarações da Prefeitura de Barra Mansa.


Por Aqui: Mesmo com a confirmação da Prefeitura de Barra Mansa que garante que a Votorantim vai ficar na cidade, quais os motivos que te levam crer que ela sairá?
Renato Soares: Primeiro foi o esvaziamento da usina de Barra Mansa, com a demissão de funcionários e a transferência de outros para a planta de Resende. Desde 2006, o quadro de funcionários diminuiu de 25% a 30%. Eram cerca de 2 mil funcionários, agora são mil. O investimento tem sido maior na unidade de Resende, inclusive com equipamentos sendo enviados de Barra Mansa para lá. Outros motivos são a retirada da participação acionária do Grupo Votorantim na Usiminas e a morte de Carlos Ermírio de Morares, filho de Antônio Ermírio de Moraes, que comandava os negócios da empresa. Tudo leva a crer que a Votorantim está passando por um momento de reestruturação, e que esse processo passa pela fábrica de Barra Mansa. Além disso, a SBM está situada entre duas plantas novas e mais sofisticadas: a da própria Votorantim, em Resende, e a usina de aços longos que está sendo construída pela CSN dentro da Usina Presidente Vargas.

Por Aqui: Caso a Votorantim saia de Barra Mansa, o que isso pode influenciar na cidade?
Renato Soares: A saída da Votorantim de Barra Mansa vai reduzir o faturamento do município e o número de empregos. Com a queda da arrecadação, a qualidade dos serviços da Prefeitura do município vai baixar, pois Barra Mansa é uma cidade grande em território, mas com pouca arrecadação. Ao contrário de Volta Redonda, que possui uma arrecadação maior e tem uma extensão territorial muito menor. Os metalúrgicos terão que trabalhar em Resende ou Volta Redonda, transformando Barra Mansa em uma cidade dormitório. Isso atrasa o desenvolvimento do município.

Por Aqui: O que pode ser feito para garantir a permanência da Votorantim em Barra Mansa?
Renato Soares: O que pode ser feito é uma articulação de todos os poderes do município, Legislativo, Executivo e Judiciário, além de Sindicatos e outras entidades, para fazer uma pressão sobre o Governo Estadual, que foi quem permitiu a instalação de duas fábricas da mesma empresa e que têm a mesma atividade em locais tão próximos. É lógico que a planta de Resende, mais moderna e com mais espaço para crescer, receberá mais investimentos. Nós já vimos isso acontecer com a Nestlé, que afirmou que ficaria em Barra Mansa, mas saiu da cidade. O município deve viabilizar maneiras de se tornar atrativo para a instalação e permanência de empresas, como a redução do ICMS, de acordo com a Lei Rosinha.

Zé Renato e autoridades visitam unidade da Votorantim Siderurgia em Barra Mansa e garantem que empresa continuará na cidade

O prefeito de Barra Mansa, Zé Renato (PMDB), juntamente com autoridades da cidade (CDL-BM, ACIAP-BM, SULCARD-BM, SICOMÉRCIO e METALSUL) e alguns secretários, visitaram no último dia 03 de fevereiro a unidade da Votorantim em Barra Mansa. O motivo da visita foi enfatizar a permanência da Votorantim no município, reforçando a importância da unidade de Barra Mansa no cenário econômico e estratégico do Grupo Votorantim.
Os diretores da empresa, Luciano Fernandes Lopes e Luiz Felipe Cardoso Oliveira, ressaltaram que as empresas de Barra Mansa e Resende possuem atividades complementares e atuam em sinergia, dando a entender que a Votorantim permanecerá na cidade. Eles ainda revelaram que nos últimos 10 anos, a Votorantim Siderurgia investiu cerca de R$ 600 milhões na unidade de Barra Mansa, o que comprova a importância da cidade para a empresa.



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