Centro de Saúde Auditiva de BM atende 520 pacientes por mês
O centro de tratamento da Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa realiza atendimento gratuito e distribui aparelhos auditivos
No Dia Nacional da Surdez, lembrado no próximo sábado, dia 10, a Santa Casa de Barra Mansa divulga dados positivos em relação ao tratamento. O Centro de Saúde Auditiva funciona em anexo à Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), na Estamparia, desde 2006, atende em média, 520 pacientes de 25 cidades da região, por mês. O melhor de tudo é que o atendimento é totalmente gratuito. Todos os serviços são oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
“Até mesmo os aparelhos auditivos são entregues gratuitamente, aqui. Junto com o aparelho entregamos, ainda, uma cartela com seis baterias”, informou o supervisor administrativo do Centro, João Paulo de Brito.
Aparelhos estes que mudam a vida dos pacientes. Beatriz é mãe do pequeno Lorenzo, de dois anos. Lorenzo nasceu com microcefalia, devido ao Zika Vírus. Por conta da condição neurológica, muito cedo Beatriz descobriu a surdez, já prevista em casos como este, em Lorenzo. Como tratamento, semanalmente, Lorenzo tem terapia com a fonoaudióloga e ganhou um aparelho auditivo. “Ele já consegue perceber pequenos sons”, vibra a mãe.
Mas nem sempre essa sensação de alegria foi possível. Ao descobrir a surdez, Beatriz ficou apreensiva por causa do valor de um aparelho auditivo. “Graças a Deus conhecemos o Centro Auditivo. Todos lá são muito gentis e atenciosos. Eu estava muito perdida em relação à surdez, achava que teria que comprar o aparelho, que é caríssimo. Mas no centro temos o tratamento e o aparelho gratuitamente e isso fez toda a diferença”, acrescentou Beatriz.
Diferença também na vida da Maria José, que ficou surda aos 40 anos, após ter problemas com a forte medicação para combater uma endocardite bacteriana. Telefonista, Maria José viu sua vida mudar completamente após a surdez. Ela teve que se aposentar e percebeu inúmeras diferenças em seu dia a dia. “Não consigo mais ouvir o barulho da chuva, a não ser que seja muito forte. Barulho de alimento na panela, como o estalar do arroz ou o chiado da panela de pressão, também não escuto mais”, conta.
Maria José mora em Areal e lá na sua cidade, descobriu o Centro Auditivo da Santa Casa de Barra Mansa. “Eu achava que iria me recuperar, mas quando a médica me disse que seria definitiva, eu desabei. Chorei bastante, mas depois fui à luta. Foi então que descobri o Centro Auditivo e fui muito bem recebida. Hoje, após sete anos de tratamento, só preciso ir até o Centro uma vez por ano, mas qualquer documentação que preciso sou prontamente atendida. Eles são muito dedicados”, afirmou.
Por conta de uma ortoesclerose, desenvolvida durante a gravidez, a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos de Barra Mansa, Ruth Coutinho, sabe muito bem a importância que tem o aparelho de surdez. “Eu descobri o problema porque comecei a perceber que eu aumentava cada vez mais o volume da televisão, achei estranho, fui ao médico e descobri a doença. Com o aparelho, eu tenho um ganho. Eu consigo ouvir. E toda a atenção que eu tenho no Centro Auditivo é de extrema importância para o tratamento desta doença. Agora vou renovar meu aparelho e é um verdadeiro presente de Natal”, comentou Ruthinha, que também é paciente do Centro.
Desde 2006, o Centro de Saúde Auditiva da Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa já entregou aproximadamente 15,5 mil aparelhos e atendeu 22.865 pessoas. “Um trabalho sério que temos orgulho em produzir. Muito mais que fornecer aparelhos auditivos, estamos cuidando da saúde completa do paciente, pois é uma mudança na vida da pessoa”, complementa o diretor administrativo da Santa Casa, Altair Carvalho.
O Centro de Saúde Auditiva possui uma equipe com 13 profissionais: seis fonoaudiólogos; três otorrinolaringologistas; uma psicóloga; um assistente social; um neurologista; e uma pediatra.
Dia Nacional da Surdez - Hoje já se sabe que a perda auditiva é uma das deficiências mais comuns na população brasileira. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Otologia, de cada mil crianças nascidas no país, três a cinco já nascem com deficiência auditiva. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas auditivos. Cerca de 20% da população sofre com problemas de zumbido. No Brasil, isso significa algo em torno de 30 milhões de pessoas. Entre as principais causas que contribuem para o aumento deste número está o volume alto dos aparelhos de reprodução de som, como os mp3 players, por exemplo.
De acordo com dados da OMS, pelo menos 5% foram causados pelo mau uso destes aparelhos. Por isso, a Sociedade Brasileira de Otologia aproveita a data e promove a Campanha Nacional da Saúde Auditiva, a fim de informar e conscientizar sobre os riscos que o som alto pode trazer à audição. De acordo com especialistas da SBO, o limite máximo permitido de exposição a sons, inclusive pela legislação brasileira, é de 85 decibéis.
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