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28 abril, 2021
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Como lidar psicologicamente com a pandemia do coronavírus?


Especialistas dão dicas sobre o assunto

Estamos vivendo momentos sombrios, de muitas perguntas e poucas respostas. A pandemia do coronavírus, que espalha medo e terror em todo mundo há mais de um ano, está desmantelando famílias, prejudicando a economia e agravando a cada dia a crise sanitária e a ocupação em hospitais. É notório que em 2021 muitas pessoas morreram vítimas da Covid-19, fato que pode ser comprovado diariamente nos noticiários e nas redes sociais. Pessoas próximas, conhecidas e distantes, gente nova, gente velha, com ou sem comorbidade, inclusive atletas e famosos. São milhares de postagens anunciando luto pela perda de uma pessoa amada na internet.
É precoce dizer como realmente vamos acabar com isso, mas a vacina, ao que tudo indica, é um fio de esperança em meio a essa loucura. Loucura porque além dos problemas acima citados, muitas pessoas estão tendo transtornos psicológicos e psiquiátricos durante a pandemia. Os motivos são vários, desde solidão, desemprego, falência, entre outros. Para entender mais sobre os efeitos causados pela Covid-19 e o que podemos fazer para não sermos afetados por este “fantasma’, a revista Por Aqui conversou com a psicóloga Dulce Miriam Raffide e com o psiquiatra Rafael Nitole, ambos de Barra Mansa.
Segundo a psicóloga Dulce Miriam, o medo desta doença pode causar alguns transtornos. “O coronavírus se apresenta psicologicamente como um ‘fantasma’ que nos persegue o tempo todo e a qualquer momento pode nos atacar. Esta situação por si só já é suficiente para gerar ansiedade. Quem, antes da pandemia, já sofria de algum transtorno psicológico, sentiu que ele foi agravado. São muitas queixas de síndrome do pânico, depressão e desesperança”, revelou, acrescentando que cada pessoa reage de uma maneira.
- Cada um precisa adaptar, à sua maneira, ao sofrimento infligido pelo distanciamento afetivo dos familiares e amigos, a solidão, e a conviver mais consigo mesmo. O luto é vivenciado o tempo todo, pelo outro e pelo o que perdemos de liberdade e espaço. É uma doença solitária e desafiadora, seja na sua fase aguda, seja no pós-Covid, já que há vários relatos de sequelas físicas e psicológicas que têm durado até um ano. Queixas como insônia, falta de concentração, perda de memória, sensação de irrealidade, depressão, déficit cognitivo começaram a ser estudados recentemente como efeito posterior, o que gera muitas vezes incompreensão por parte de quem convive com essas pessoas – completou Dulce.

A terapeuta ainda condenou a forma como algumas pessoas nas redes sociais e parte da imprensa agem com esta nova realidade. “Infelizmente as redes sociais e noticiários têm agido de forma a aterrorizar ainda mais, ao invés de usar uma didática construtiva para ajudar a sociedade a passar pela pandemia”, analisou Dulce Miriam.
O psiquiatra Rafael Nitole falou sobre o aumento da procura por consultas neste período. “Está havendo um aumento de procura por consultas, principalmente devido a casos de ansiedade e depressão, tanto em pacientes novos, quanto em pacientes que estavam estabilizados. A causa disso são os efeitos diretos, como medo de adoecer, medo de morrer, perda de entes queridos e ação direta do vírus no sistema nervoso central, e os indiretos, como alteração brusca da rotina e do modo de vida, isolamento social e crise econômica”.
Sobre o tratamento destas causas, Rafael Nitole sugeriu a procura por um profissional. “Além da vacinação em massa e atividade física, procurar o especialista precocemente é fundamental em caso de sintomas como tristeza, angústia, ansiedade, reclusão social e perda do prazer em atividades que antes o traziam”, concluiu.

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