29 fevereiro, 2016
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Conexão Barra Mansa x Penedo: Coletivos artísticos Sala Preta e Pedra Sonora se unem

A partir deste ano, a distância de cerca de 46 quilômetros que separa Barra Mansa e Penedo, distrito de Itatiaia, será apenas um detalhe comparado com a movimentação artística que está por vir. Atraídos pela força como coletivo e a paixão de ambos em preservar as raízes populares, os grupos Pedra Sonora e Coletivo Teatral Sala Preta unem suas forças artísticas e iniciam uma parceria que promete não só render em inúmeros projetos e atividades, mas também promover a troca de saberes.
A primeira ação coletiva feita pelos grupos é a realização do Curso Sala Preta em Penedo. Desde 2013 o Coletivo Teatral Sala Preta oferece um curso para multiplicar sua metodologia de pesquisa e criação artística. Todas as turmas contam com uma montagem no fim do processo de estudos. Este ano, pela primeira vez o curso acontecerá em Penedo. Assim como na turma de Barra Mansa, o curso é divido em duas etapas. As aulas começarão no dia 3 de março e acontecerão às quintas-feiras das 19h às 22h em local ainda a ser divulgado.
Ocupando um relevante papel cultural no território do Médio Paraíba fluminense, tanto o Sala Preta como o Pedra Sonora iniciaram sua conexão devido ao inúmeros interesses em comum dos grupos. Além do curso, outro trabalho que está encaminhando é um encontro artístico para troca de linguagens culturais entre os dois grupos de maneira a promover um intercâmbio direto e interno entre indivíduos e suas práticas. Vale ressaltar que esta parceria atinge 45 envolvidos diretamente.

Para isso, estão programados workshops e oficinas livres que serão difundidos ainda este ano em caráter de imersão. Neste primeiro momento está iniciando um trabalho corporal oferecido ao Pedra Sonora pelo Sala Preta com a colaboração do ator, Davi Cunha.

Jamie Whately, que é naturóloga e uma das integrantes do Grupo Pedra Sonora, resume. “Esta parceria representa a união e o fortalecimento da produção artística local, promovida pelas ações culturais independentes que brotaram no Vale nestes últimos anos. Será um intenso intercâmbio e representa também a difusão de saberes por meio da troca direta. Nossa prática de grupo promove a interação humana e a ampliação de uma rede social com conexões ao vivo, trazendo benefícios para a população que terá acesso ao processo e ao que será produzido”, disse.
No mesmo contexto, o ator e um dos fundadores do Sala Preta, Rafael Crooz declara. “Tendo em vista a trajetória que aproximaram esses grupos, acredito que estamos trabalhando para uma reconstrução deste vale fluminense, da Mantiqueira, destas cidades líquidas. A parceria com o Pedra consolida nosso macro projeto de entendimento dessa região em rede. Uma cidade Paraíba, uma ‘paraibacidade’ como a professora e arquiteta Andrea Auad nos ajudou a entender o território conectado pelo rio. Esperamos que seja duradouro e produtivo!”, finalizou.

O Curso Sala Preta
A primeira etapa do Curso Sala Preta apresenta estudos práticos com cinco módulos sobre diferentes habilidades e saberes em torno das artes cênicas, totalizando 31h de aula. Já a segunda etapa, consiste no processo prático de montagem de um espetáculo, e acontecerá no segundo semestre, com 39 horas de aulas.
Dentro de sua estrutura, o aluno mantém uma prática de um "eixo" seja jogos e improvisação ou ViewPoints e teatro físico, fundamental na formação do ator, e ainda é levado a refletir, pesquisar e praticar o teatro nos módulos deenvolvidos durante o ano. Para se inscrever, basta o interessado preencher o formulário on-line .....
Não é necessário realizar as duas etapas do curso. Elas são independentes. Ou seja, o interessado pode fazer só uma das etapas ou as duas, como quiser.

As aulas da primeira etapa começarão dia 3 de março e vão até junho deste ano. As aulas da segunda etapa começarão em julho e vão até outubro de 2016. Entre uma etapa e outra há um recesso de duas semanas.

O Curso Sala Preta em Penedo está voltado para atores, bailarinos, performers, diretores e qualquer interessado em desenvolver a teatralidade inerente ao humano. A idade mínima é de 15 anos e não há limite máximo. São apenas 25 vagas.

Todo mundo é bem vindo para fazer uma aula experimental grátis, mas somente nas primeiras aulas de 2016. O interessado deve agendar pelo e-mail salapreta@gmail.com.

Conheça mais sobre os grupos
O Grupo Cultural Pedra Sonora nasceu na região das Agulhas Negras/RJ, entre as cidades de Resende e Itatiaia (Penedo), através de um grupo de amigos que se encontravam frequentemente com o intuito de compartilhar ideias, tocar, cantar, dançar e estudar as tradições populares do Brasil. A proposta foi se fortalecendo e em 2005 se consolidou como grupo cultural. Assim, as ruas da região ganharam o ritmo e dança dos maracatus, samba de cocos e afoxés. Hoje, moradores e turistas já reconhecem o soar os tambores do Pedra Sonora se apropriando da riqueza e diversidade de ritmos e heranças ancestrais do nosso país.
O nome "Pedra Sonora" surgiu em reverência à natureza da região, onde existe uma formação rochosa com esse mesmo nome, que ao ser batida emite sons. Sobre essa pedra contam-se histórias e lendas indígenas sendo reverenciada por seus poderes mágicos. Além de que o simbolismo da pedra na filosofia afro brasileira está associado à energia do som do tambor. O objetivo do grupo, portanto, além de festejar e se divertir é provocar um encantamento da população pela própria beleza da sua arte e folclore, fazendo pulsar as raízes e tradições.
Em 2010, o Pedra Sonora foi contemplado com o Prêmio Macedo Miranda de Destaque Cultural da cidade de Resende/RJ.
Já o Coletivo Teatral Sala Preta foi criado em 2009 com o desejo de trocar e proliferar conhecimentos artísticos. Passados sete anos se tornou referência em arte urbana, especialmente em teatro de rua, no Estado do Rio de Janeiro, no Brasil e no exterior. Em 2014 recebeu o Prêmio de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro, destacando-se por um júri técnico entre centenas de empreendimentos culturais de todo o estado.
Além das artes cênicas, o Sala Preta atua em diferentes linguagens e ações artísticas, ainda na construção de políticas públicas e realização de mostras e festivais por meio de intercâmbios. O coletivo está conectado em ações contínuas com artistas e organizações de países como o Equador, México, Uruguai, Alemanha, Espanha, Colômbia, Inglaterra, Itália, EUA, Sérvia e França. Atualmente são nove integrantes com múltiplas habilidades, como atores, produtores, técnicos, gestores e comunicadores. Desde sua fundação a sede do coletivo é na Avenida Joaquim Leite, nº 604, Barra Mansa.
Em seu portfólio o coletivo orgulha-se de ter trinta e dois espetáculos entre montagens para crianças e adultos, além de ter realizado inúmeros projetos e pesquisas cênicas.


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