04 maio, 2016
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Cresce número de jovens desempregados atendidos em abrigo para população de rua em Barra do Piraí

Com a chegada do frio, os abrigos que recebem pessoas em situação de rua ficam mais cheios e as visitas nas ruas são realizadas com mais frequência. Há 19 anos prestando este tipo de serviço, a Casa da Solidariedade que abriga entre outras atividades, as ações da Pastoral do Povo de Rua, em Barra do Piraí, notou nos últimos meses o crescimento dessa demanda e também a mudança do perfil da pessoa atendida. O serviço tem o apoio da Igreja Católica.
Desde outubro de 2015, o local que era utilizado exclusivamente para pessoas que moram nas ruas, passou a atender desempregados, que embora tenham onde morar, ficaram sem nenhuma condição de arcar com as despesas básicas como a alimentação, como explicou Maria das Graças Carvalho da Silva, uma das coordenadoras do trabalho. “Infelizmente com a crise aumentou em 50% a procura pelo serviço. Era melhor que as pessoas não precisassem disso, claro, mas uma vez que necessitam, fazemos nosso trabalho com amor”, destacou a coordenadora, que participa do projeto há 17 anos.
Os homens continuam sendo maioria, porém a idade das pessoas assistidas mudou. Houve uma aumento de 20% no atendimento aos mais jovens. Rodolfo Pereira Dias, de 31 anos, é um deles. Com formação e experiência como garçom, está desempregado desde novembro e em meio à entrega de currículos nos estabelecimentos da cidade, faz uma pausa na Casa da Solidariedade para almoçar. “Eu não gostaria de depender daqui para almoçar, mas estou desempregado. Tenho experiência como garçom e curso de informática, mas falta oportunidade e até existe uma discriminação pela minha cor”, disse o rapaz.
Antônio Carlos Pereira da Silva, de 33 anos, também está desempregado e, apesar de ter um terreno que a mãe deixou, dorme nas ruas muitas vezes porque falta inclusive o dinheiro da passagem. “Quando a necessidade bate venho buscar ajuda aqui. Quando consigo em bico (sic) consigo me virar”, disse o rapaz que tem experiência como soldador, armador, pedreiro e carpinteiro.
Além do almoço, os assistidos podem tomar banho, deixar as roupas para lavar e pegar novas roupas limpas, ocorrendo assim um rodízio dessas vestimentas. O trabalho conta com o apoio de uma funcionária e cerca de 20 voluntários que se revezam no preparo e distribuição da comida. Embora o espaço fique localizado atrás da Catedral de Santana, outras comunidades dos setores do município abraçam a causa.
Maria da Glória de Souza, de 72 anos, participa da pastoral antes mesmo de a casa existir. “Acompanhei as reuniões para a criação desse espaço e desde então ajudo. Além do serviço aqui, nós também atuamos quando a pessoa precisa de remédios, médico e até mesmo internação”, disse a aposentada sobre a insistência na busca do apoio do poder público municipal.

Artista local procura oportunidades

Em meio aos assistidos na casa, encontra-se Luiz Carlos de Azevedo, de 63 anos. Ele é poeta e compositor. Lançou dois livros estilo Cordel em 2015 e tem mais de 10 composições registradas. “Eu era vigilante, sou de Vassouras mas vivo há 10 anos em Barra do Piraí. Vendi alguns livros no ano passado, mas acabaram e agora faço alguns outros serviços, mas por causa da minha deficiência não consigo fazer muitas tarefas. Agora estou aguardando uma oportunidade para gravar minhas músicas”, disse Azevedo.

O serviço na Casa é realizado de segunda a quinta-feira, das 13h às 15 horas, atrás da Igreja Catedral de Santana, na Rua Barão do Rio Bonito, nº 240, Santana. Interessados em ajudar com doação de serviço, roupas, alimentos, materiais de higiene e limpeza podem procurar a casa ou ligar para (24)2442-3457.

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