19 abril, 2014
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Cultura barramansense

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Revista Por Aqui volta cinco anos atrás e reproduz sua primeira reportagem: “Lendas de Barra Mansa”

Fazer aniversário é ter a chance de entreter mais pessoas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas. Fazer aniversário é amadurecer um pouco mais e seguir no caminho do bem, da ética e principalmente no nosso caso, da informação. Neste quinto aniversário da revista Por Aqui, vamos relembrar nossa primeira matéria, em abril de 2009, quando entrevistamos três barramansenses muitos envolvidos com o humor e a cultura da cidade. 
Antônio de Oliveira Leal é acadêmico das Academias de Letras e de História de Barra Mansa e integrante do GREBAL (Grêmio Barramansense de Letras). Na época, com 81 anos, falou sobre o livro “Barra Mansa com amor e humor”, que escreveu em 1979. Dentre os destaques da obra, divulgamos na ocasião o conto “Narração Esportiva”, que falava sobre um fato verídico de 1947, quando Antônio trabalhava como locutor na Rádio Sul Fluminense e se confundiu nas palavras deixando escapulir até um palavrão, numa narração de futebol entre Barra Mansa F.C. e Flamengo, que segue na íntegra:""

“Em Abril de 1947 foi inaugurada a Rádio
Sul Fluminense, sob a direção do meu
grande amigo Paulo de Oliveira, falecido
em Agosto de 1979.
No dia quinze de Novembro do mesmo
ano o Barra Mansa F.C. comemorava o
seu aniversário e convidou o Flamengo, do
Rio, para disputar uma partida amistosa.
Uma semana antes, deu-me um estalo de
irradiar o jogo; e eu já era locutor comercial
da emissora, além de manter um programa
sobre cinema, intitulado “Atrás das Câmeras” que
ia ao ar dominicalmente às dez horas. Paulo, que tinha
grande confiança em min, concordou que eu irradiasse
a partida e assim fui o primeiro locutor (Speaker naquele
tempo) esportivo da cidade, tendo como comentarista
meu amigo Álvaro Mattos. O goleiro do Flamengo era
o Tarzan, e Bugiu era o ponta direita do Barra Mansa.
Fugirei à narrativa para dizer que Bugiu foi, na minha
opinião, o mais perfeito cabeceador do Brasil.(...)
(...) Naquela época eu chamava aos meus amigos e
pessoas conhecidas por Babaca e a transmissão do jogo
foi a maior zorra, pois não havia cabine no Estádio Esperidião
Geraldine e fui trabalhar no último andar do
Grupo Barão de Aiuruóca, ainda em construção, trepado
nas vigas (a última laje não estava pronta), ao lado
do Álvaro e do operador Geraldo Soares. Como aquilo
era novidade em Barra Mansa, a molecada foi atrás e
durante a irradiação em vendedor de amendoim gritava
a toda hora, atrás de mim: Aí, Babaca!, e tome eu a tampar
o microfone para não sair no ar o (naquela época)
palavrão. O jogo estava 3x0 para o Flamengo e eu torcendo
escandalosamente para o Barra Mansa, quando o
juiz marcou um penalty a favor do Leão do Sul. Fiquei
todo empolgado e gritei: “Atenção, senhores! Penalty
a favor do Barra Mansa”. A empolgação foi tanta que
comecei trocando as bolas e terminando pior:
- “Apitou o Bugiu; chutou o juiz, Porra, Tarzan defendeu!”


Alan Carlos Rocha, na época da entrevista, era responsável pelo arquivo da Câmara Municipal de Barra Mansa. Tinha uma biografia vasta que fez com que se tornasse membro vitalício do GREBAL e um dos fundadores da Academia Barramansense de Letras. Em novembro de 2011, aos 62 anos, Alan Rocha veio a falecer, em decorrência de um câncer no fígado. Porém, o ilustre barramansense deixou muitas obras e histórias, uma delas foi divulgada há cinco anos em nossa primeira edição. Tratava-se da paródia “Cruz Credo”, do livro “Barra Mansa Picaresca”, que segue na íntegra:

CRUZ CREDO: Encimando o frontão da Igreja Matriz de São Sebastião, havia, em 1870, três enormes cruzes de ferro. Um famoso vereador da época deitou falação na sessão da Câmara, pedindo que tais cruzes fossem retiradas, pois colocavam em risco a vida das pessoas. Alegou o edil que durante as chuvas tais símbolos da cristandade poderiam atrair descargas elétricas da natureza. Várias leis de física foram citadas como justificação para a solicitação e o parlamentar não abria mão do seu petitório. Exigia que fossem substituídas por cruzes de malho, que não atraiam os raios. Após três sessões discutindo tal situação, o vereador Joaquim Leite encerrou o falatório com a seguinte frase: “Cruz credo, nobre colega! Tais cruzes nos trazem fé, devoção e religiosidade. Se aprovarmos tal solicitação, pedirá V. Ex.ª que retiremos os trilhos das ferrovias, que nos trazem o progresso.” A discussão foi encerrada e as cruzes permaneceram... sem atrair nenhum raio.

Em abril de 2009, Rodrigo Mendes nos concedeu uma entrevista hilária falando sobre as “coisas que só acontecem em Barra Mansa”. Ele, na companhia de amigos, usava e ainda usa trocadilhos com os acontecimentos, personalidades e peculiaridades do município. Durante a entrevista, Rodrigo, que na época tinha 29 anos, revelou que “essa brincadeira vem de anos e que nunca vai acabar, pois a cada dia surgem novas histórias inusitadas”. Rodrigo tinha razão! Cinco anos depois o reencontramos e ele nos contou novos acontecimentos, que iremos divulgar abaixo junto com os de 2009.

COISAS QUE SÓ ACONTECEM EM BARRA MANSA

2009:

- Barra Mansa é o único lugar no mundo que tem um quebra mola debaixo de um sinal de trânsito (Em frente à Saint-Gobain).
- O MC Donald’s de Barra Mansa só vende sorvetes.
- O Kiko Preto é branco e o Júlio Branco é negro.
- A dona Mocinha tem 84 anos.
- No bar Amarelinho os garçons trabalham de preto.
- O Baleia, pai do Figurótico, não sabe nadar e o Tubarão é vegetariano.
- O Paulo do doce vende salgados.
- O Jorginho tem um carrinho de coca-cola, mas só vende cerveja.
- Shirley de Barra Mansa é homem.
- O bairro Vila Nova é muito velho.
- A Vila Principal não tem predominância nenhuma para a cidade.
- No bar Rango, ninguém come nada.
- O bairro Boa Vista fica em frente ao cemitério.
- O bairro Boa Sorte tem um homicídio a cada semana.
- O Carioca de Barra Mansa é baiano.
- O Nego Chiesse é branco.
- O Rato da Várzea morreu de leptospirose.
- No morro do Cruzeiro só tem flamenguista.
- O Parque da Preguiça virou local de exercício físico.
- O dono do antigo Sindicato do Porre é o presidente do A. A.
- O Bragança vende pizza e é português e o Silvério que vende bolinho de bacalhau é italiano.

Novos:
- O Brizola (tio do Rodrigo Mendes) tem nove dedos e o Lula (Professor de educação física) tem dez.
- Morar no sem-terra do “Paraíso” é um “inferno”.
- O “Big Mac” vende comida japonesa.
- O “Miúdo” tem dois metros de altura.
- O Bruno “Mudinho” “fala” muito.
- O “Véio” é o líder da Força “Jovem”.
- O Léo “Banha” vende menu “light”.

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