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07 maio, 2019
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Dom Francisco Biasin faz balanço dos anos à frente da diocese BP - VR

Há menos de uma semana para a posse do novo bispo da diocese de Barra do Piraí – Volta Redonda, o atual bispo, administrador apostólico da diocese, dom Francisco Biasin, fez um balanço sobre os quase oito anos em que esteve à frente dessa Igreja Particular, que é composta por 12 municípios da região. Um pouco emotivo e muito alegre pelo trabalho realizado, dom Francisco relembra o que classifica como os principais pontos de sua administração.




Dom Francisco foi nomeado para a diocese de Barra do Piraí - Volta Redonda em 8 de junho de 2011 e tomou posse em 28 de agosto do mesmo ano. Veio de Pesqueira, em Pernambuco, onde foi bispo diocesano entre os anos de 2003 a 2011. Ao falar sobre a nomeação para a diocese, dom Francisco diz ter sido uma surpresa, mas se alegrou por já conhecer a Igreja Particular devido à proximidade de Duque de Caxias, onde viveu por 17 anos e porque foi formador no seminário de Nova Iguaçu, onde os padres da região estudavam. “Foi uma surpresa porque eu já tinha 68 anos, mas quando cheguei aqui já conhecia cerca de 80% dos padres. E também conhecia a região, mas não detalhadamente. Nós tínhamos muitas reuniões conjuntas entre as dioceses e vez ou outra eu vinha aqui para visitar famílias, dom Waldyr, alguns padres, como o padre Bernardo Thus, que conheci e fizemos amizade nesse ambiente de formação, e outros padres”, disse.



A chegada à diocese

Já havia passado dois anos desde que dom João Maria Messi pediu a renúncia, quando o Núncio Apostólico entrou em contato para anunciar o nome do bispo eleito e logo depois saiu o comunicado oficial. “Eu me lembro de ter ligado para dom Francisco, combinamos o dia em que ele viria aqui para conhecer um pouco da diocese. Fui buscá-lo no aeroporto junto com chanceler da época, o recebemos em casa e depois junto com as lideranças da diocese, presidentes de conselhos e coordenadores de pastoral. Juntamos uma centena de pessoas no salão em Barra Mansa e o acolhemos”, disse dom João ao lembrar que perguntou se dom Francisco já sabia de alguma coisa. “Foi interessante porque durante a Assembleia dos Bispos, meses antes, nós chegamos a ficar juntos numa tarde quando fomos visitar a Fazenda da Esperança. Ficamos conversando e não sabíamos de nada. Para mim foi uma surpresa porque ele não estava há muito tempo em Pesqueira”, disse dom João.

Apesar da surpresa também para dom Francisco, o bispo eleito ficou feliz em ser nomeado para essa Igreja Particular reconhecida pela história de lutas. “Encontrei uma diocese bem organizada, seja pela presença de dom Waldyr que ficou aqui 33 anos como bispo titular e dom João que ficou aqui 12 anos depois dele e colheu a semente plantada, procurando ampliar também a visão para os novos movimentos que na Igreja surgiram nessas últimas décadas. E nem sempre é fácil combinar o antigo com o novo”, relembrou.



Plano de Pastoral

Ao chegar, dom Francisco procurou conhecer a realidade da diocese e os documentos e diretrizes existentes para propor um novo modelo de organização para o que já existia. “Quando cheguei aqui a diocese refletia sobre o rumo que devia tomar, três anos de trabalho intenso que produziu um livro cheio de indicações”. A partir da experiência da diocese, foi possível organizar dois planos de pastoral, que é um documento, um projeto de Igreja. Um de 2012 até 2015 e outro de 2016 até agora. Juntamente com a Assembleia Diocesana anual norteia os trabalhos de paróquias, grupos, pastorais e movimentos ao longo do ano. “São cerca de 300 pessoas de todas as paróquias e comunidades que avaliam o ano que passou e planejam, de acordo com o projeto e o ano que vem com detalhes. Essa assembleia é muito interessante, é muito bonita, porque é muito participativa”, disse dom Francisco.





Rádio Sintonia do Vale (98,9 FM)

Ao falar sobre os investimentos marcantes na sua passagem pela diocese, dom Francisco destacou a “aquisição” da rádio Sintonia do Vale. “Esse era um sonho desde dom Waldyr. Uma rádio FM, comercial, que nos permitiu dar um novo rosto à comunicação, porque uma coisa é ter um veículo mensal e outra coisa é ter todo dia a voz da Igreja no ar”, disse dom Francisco ao lembrar que a rádio está no ar desde 2012. “Para mim a rádio foi um grande diferencial. Por vários motivos: nós não tínhamos o recurso para o investimento e com uma grande campanha, praticamente em quatro meses conseguimos. E ainda fazer a nova sede, montar a programação, plástica, equipe, e organizá-la como uma empresa. Nem sempre é fácil, mas Deus ajuda”, disse lembrando que além do dial 98,9 FM, a rádio pode ser ouvida pela internet, no site www.sintoniadovale.com.br e pelo aplicativo DioseceVR.

Para o padre Juarez Sampaio, diretor da rádio e, por vários anos, coordenador de pastoral da diocese, a rádio é uma grande conquista. “Dom Francisco reformulou de forma brilhante os meios de comunicação de nossa diocese, criando a maior paróquia que se chama Sintonia do Vale, a rádio do povo! Deus o recompense pelo bem que nos fez!”, disse padre Juarez.

A implantação da rádio também foi apontada por dom João como uma das iniciativas mais marcantes de dom Francisco. “Ele é um homem de coragem porque afrontou a dificuldade que sempre tivemos de instalar a rádio. Foi uma obra de sacrifício que valeu a pena. Uma rádio é sempre um sacrifício e por não termos apoio de políticos e empresários, foi um sacrifício grande. No início foi difícil de acreditar, mas contamos com a ajuda do povo de Deus”, disse lembrando ainda o empenho de dom Francisco também na área do patrimônio histórico, com o restauro de igrejas.





Jornada Mundial da Juventude (JMJ)

Em 2013 Papa Francisco foi recebido no Brasil por milhões de jovens que tomaram a areia da praia de Copacabana, no Rio. Antes, porém, outras cidades do país, sobretudo no estado do Rio, foram responsáveis pela acolhida de jovens que vieram de diversos lugares do mundo. Na região não foi diferente. Ainda no início de seu episcopado na diocese, dom Francisco presenciou a fé de uma juventude católica participativa, como ele se lembra. “Houve uma movimentação em ocasião da visita da cruz da Jornada Mundial e do ícone de Nossa Senhora. Foram milhares de pessoas. Só para se ter uma ideia, na missa de envio ‘Bote Fé’, realizada na Ilha São João, não tinha menos de 25 mil pessoas. Foi a movimentação maior que teve a diocese na minha gestão”, disse dom Biasin.

O bispo lembrou ainda que por ocasião da JMJ houve um despertar muito grande dos jovens. “Lembro-me de uma relação empática e extraordinária. Era bonito, me sentia muito à vontade. E por dois anos nós conseguimos um relacionamento quase que de massa. No ano seguinte fizemos o Reviver a Jornada e depois o Concílio da Juventude”, disse dom Francisco ao lembrar que já em 2018 houve uma retomada de eventos de amplitude diocesana com a Romaria da Juventude e este ano um retiro quaresmal, que foi realizado simultaneamente em cidades da diocese, além, claro, de todo o trabalho que é feito por grupos em cada paróquia.

Esse relacionamento aberto com a juventude foi lembrado por Mariana Palmeira, de Barra do Piraí. “Dom Francisco sempre se mostrou um grande apoiador da juventude, confiou e confia no nosso trabalho, nos ajuda e incentiva da melhor forma possível. A sua presença na diocese mudou o olhar das nossas comunidades para com a juventude. Dom Francisco ajudou que fôssemos vistos e tratados como protagonistas da nossa história, na sociedade e na vida da Igreja e isso muda até mesmo a forma como nós mesmos nos enxergamos. Sua presença entre nós não foi apenas em palavras, mas em diversas ações que com certeza ficarão marcadas na nossa história”, destacou.





Vida e missão - “O Papa Francisco fala de uma Igreja em saída e nós fizemos isso” (Dom Francisco Biasin)

Nos últimos três anos a dimensão missionária teve grande ênfase na diocese. Em 2015/2016 foi realizado Ano Santo Extraordinário Jubilar, que teve como principal tema a Misericórdia de Deus na promoção da evangelização. Grupos de todas as paróquias percorreram a comunidade onde estão inseridos levando amor e cuidado às casas de pessoas doentes, que perderam entes queridos, atingidos por tragédias e em lugares carentes.

Em 2016/2017 foi vez da visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida que percorreu toda a diocese. “Nós fizemos verdadeiras missões, saímos das igrejas e fomos nas favelas, nas prisões, em casas de tolerância...levamos a imagem de Nossa Senhora Aparecida em lugares onde não vai ninguém”, disse emocionado ao se recordar das cerca de 5 mil pessoas que foram em Romaria a Aparecida “o sentimento foi muito forte”.

Já em 2018 o ano foi dedicado aos leigos e leigas na Igreja. “Eu vi uma retomada do Conselho Diocesano de Leigos e Leigas, um vigor, a partir do ano passado, devido ao ano do laicato, inclusive entraram jovens. Nós confiamos muito na ação de lideranças que atuam nas comunidades e nas pastorais”, destacou.

Para Felipe Alfredo, coordenador do Conselho Diocesano de Leigos, ao longo de todos esses anos em que dom Francisco esteve à frente da diocese, demonstrou sensibilidade e comprometimento com a formação e afirmação de um laicato. “Essa é uma característica reconhecida inclusive por outras dioceses. Leigos e leigas conscientes do seu verdadeiro papel na igreja de Jesus Cristo. Na diocese de Francisco, o Laicato teve vez e voz, não faltando apoio, incentivo e também cobrança. A valorização das pastorais sociais e do Conselho Diocesano de Leigos são alguns exemplos que ilustram o exemplo de Pastor que Francisco representa pra nós todos. Agora, ao final deste ciclo, o sentimento é de gratidão, por tudo”, disse Felipe.





Diálogo Ecumênico e Inter-religioso

Também durante este tempo, dom Francisco acumulou a função de presidente de Comissão Episcopal Pastoral para o Diálogo Ecumênico Inter-religioso da CNBB, a Conferência Nacional dos Bispo no Brasil, e membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Por esse motivo esteve algumas vezes com o Papa Francisco, a quem tem muita admiração e segue o exemplo de abertura para o diálogo. Na sua caminhada diocesana foi notória a participação de representantes de outras denominações religiosas em eventos realizados pela diocese, sobretudo de cunho social. Quem lembra dessa abertura é a candomblecista, iyawo Márcia Meireles.

“O espírito acolhedor que temos em Dom Francisco se manifesta, sobretudo, na disposição e no desejo de trilhar um caminho de unidade, de reconhecimento, da valorização das muitas manifestações de fé e crenças religiosas. E que é possível construir juntos um mundo de maior justiça e fraternidade; é possível coexistir, apesar das diferenças, protagonizando os valores que nos tornam irmãos: a defesa da vida, a valorização dignidade das pessoas, a solidariedade, o respeito e a tolerância. A dom Francisco toda gratidão pelas experiências no caminho de diálogo inter-religioso”, saudou Márcia.





Sobre o futuro

Ao falar de futuro, dom Francisco frisou que fica na diocese e sua nova residência é em Itapuca, em Resende, na paróquia Sagrada Família. Sobre o seu sucessor, dom Luiz Henrique, dom Francisco reforça que é bom saber que um bispo novo, cheio de gás, chega com alegria para ouvir e conhecer o povo desta diocese e a partir daí iniciar o seu trabalho. “É preciso dizer que cada um de nós tem o seu estilo devido à sua formação. O estilo pastoral que me caracterizou foi justamente o da escuta às pessoas que estão engajadas nos diversos trabalhos pastorais, a partir dos padres, mas também de todos os leigos. É claro que cada um tem o seu estilo, eu não copiei nem de dom João, nem de dom Waldyr, apenas apreciei tudo aquilo que eles tinham feito. Sem dúvida quem vier depois mim é diferente de mim, graças a Deus, e vai poder colocar os seus dons a serviço. Então espero que nosso povo o acolha com muita simpatia, amizade e se coloque a colaborar junto com ele de acordo com as orientações que ele der”, finalizou.

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