22 julho, 2014
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Patriotismo ou Futebolismo

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Como um exército em ordem de batalha, cada soldado senta-se em seu sofá, e entre um amendoim e uma cerveja, apreensão e nervosismo. Bandeiras tremulando, população mobilizada, comoção nacional. Hereges e críticos não são tolerados, traidores banidos e, se possível, deportados.

Então, como se estivessem sob o efeito de um encanto mágico, ao apito final da ultima partida da Copa do Mundo, todos os soldados simultaneamente abaixam suas armas e desaparece qualquer sinal ou vínculo de compromisso social entre esses cidadãos e a sua pátria amada. Independente do êxito ou da colocação alcançada, o verde amarelo se esvai subitamente das ruas, somem-se as camisas, se varrem as bandeiras e apagam-se por completo toda e qualquer manifestação de amor ao país. Todas as atenções e mobilizações da nação se voltam agora, para subterfúgios tão ou mais fúteis do que o corte de cabelo do Neymar, como o carnaval, o Big Brother ou a rodada de domingo do “brasileirão”.  ""

Qualquer sinal exterior de patriotismo se torna inconveniente e vexatório.  Aqueles patriotas teimosos que nesse momento insistam em manifestar publicamente o seu amor a pátria, correm o risco de serem deportado ou, quem sabe, queimados numa fogueira de abadás no meio de alguma avenida em Salvador. A “pátria amada Brasil” sai de férias irrevogavelmente. E não tolera afrontas aos seus novos festejos. Pelo menos, não até a próxima convocação do Galvão Bueno.

Entretanto, como um mágico que deixa revelar o seu truque, a humilhante derrota para os alemães enfraqueceu esse feitiço e num relance rápido, todos os soldados se viram por um instante dentro de uma batalha sem causas ou heróis. Vazia como o futebol do Fred. Como um cego tateando as paredes em busca da saída, tentam, até agora, entender o que aconteceu com o símbolo do seu orgulho nacional. Por favor, não me queimem (por heresia) numa fogueira de bandeiras da Alemanha, mas o fatídico 7x1 acabou por ajudar esse nosso querido país. O verdadeiro. Não aquele que calça chuteiras, mora na Europa e canta o hino à capela de quatro em quatro anos. Mas aquele no qual você vive, trabalha e sustenta sua família. Tal derrota serviu para ajudar a revelar aos olhos de todos, um rei decadente, nu, gritando bravatas e tentando vender uma realidade fantasiosa ante uma população hipnotizada por distrações baratas. Tanto nos gramados, quanto no Planalto. Bem vindos à realidade. Bem vindos ao Brasil de 2014.

Nossa maior copa começa agora. Nesses meses que se seguem teremos a melhor chance de mostrar o nosso verdadeiro patriotismo. Agora é a hora do verde e amarelo. Agora é o jogo que mais importa. Escolham todos agora, o país que querem para a próxima copa. Para viver e para torcer.

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