Image
22 abril, 2021
Comentários

Prefeito de Barra do Piraí faz denúncias que derrubaram organização criminosa de vacinas contra a Covid-19

Uma empresa que ofereceu doses da vacina de Oxford/AstraZeneca a pelo menos 20 prefeituras de todo o Brasil é alvo de uma operação nesta quinta-feira, 22. A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirma se tratar de um golpe. O alerta que acendeu o “sinal vermelho” foi dado pelo prefeito de Barra do Piraí, Mario Esteves, que, desconfiado da oferta, fez o comunicado às autoridades policiais.

Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Pernambuco, expedidos pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Criminal Especializada do Rio, na Operação Sine Die — “sem data”, em latim. Informações da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro do Rio dão conta de que a Montserrat Consultoria, com sede no Recife (PE), dizia ter um lote de meio bilhão de doses do imunizante, a US$ 7,90 (R$ 44) cada uma — mas que jamais seriam entregues.

Um desses lotes chegou a ser oferecido a Mario Esteves, que foi quem suspeitou se tratar de um golpe. Após comunicar formalmente às Polícias Federal e Civil, o político articulou, com a autorização da justiça, a gravação de uma reunião, ocorrida no Recife. Foi essa gravação, da qual Esteves participou, que ajudou a derrubar o esquema.

O prefeito conta que notou indícios de fraude na apresentação feita pelos representantes da suposta empresa. “Vários elementos despertaram a minha atenção, a começar pela facilidade ofertada. Se até em países que fabricam a vacina está havendo uma corrida pelo imunizante, como ofereciam algo com tanta celeridade, praticamente sem dificuldade nenhuma? Denunciamos tanto à Polícia Federal quanto à Polícia Civil e, hoje, vimos que nossas suspeitas não eram infundadas”, relatou. A

Esteves é conhecido, nos bastidores da política, como um prefeito que acompanha as negociações em andamento no governo, com prestadores de serviço, seja na área que for. “O jeito mais eficiente de fazer os recursos públicos renderem é não roubar e não deixar roubar. Esse é um mantra pra mim, que repito sempre. Se tiver sacanagem, o dinheiro escorre rápido pelo ralo, e quem paga são as pessoas, muitas vezes com a própria vida”, refletiu.

Em 2020, quando a pandemia do novo coronavírus atingiu o seu primeiro cume, o prefeito de Barra do Piraí foi um dos poucos a não cair em armadilhas na compra de respiradores. “Recebemos ofertas dos equipamentos com preços absurdos, e só compramos quando a negociação chegou a patamares razoáveis - pagamos pouco mais de R$ 20 mil por cada item. Se aproveitar de um momento como esse para tentar obter lucros exorbitantes é um crime com o qual não compactuarei nunca”, disse.

Por fim, Mario afirma que continua disposto a comprar vacinas, com recursos próprios do município, para ajudar a acelerar o Plano Nacional de Imunização (PNI). No entanto, sem se envolver em nenhum tipo de “aventura”. “Não podemos, no desespero, criar ainda mais um problema, que seria gastar milhões e, depois, sequer receber as doses. Faremos tudo com muita cautela sempre”, encerrou.

Comentários