16 dezembro, 2014
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"""Adeus Ano Velho"""

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Mais rápido que um contra-ataque alemão, lá se foi o ano mais esperado da década. Tão sonhado. Tão imaginado. E acabou. Ninguém pode negar: foi intenso, polêmico. Cada brasileiro se transformou, em poucos meses, de comentarista histérico de futebol à militante político inconformado.  Mais esperado do que o fim do mundo Maia de 2012 (pelo menos para nós brasileiros), 2014 chegou ao fim e parece não ter deixado pedra sobre pedra neste país, da seleção brasileira de futebol às bases da República, passando pela Petrobrás e pela nossa “timeline” no Facebook, parece que foi tudo revirado por um  terremoto avassalador.

Um país perdido num sonho de Copa. Um país perdido num sonho de potência. Pré-sal. Trem-bala. Eike Batista. Sonhamos alto. Trabalhamos, investimos. Esperamos. E como num voo da Malaysia Airline, tudo se desintegrou no ar. Sem pistas. Sem avisos. Sangria na Petrobrás. Escândalos. Delação premiada. Empreiteiras. Represas vazias. Bolha imobiliária. Morte na eleição, Alberto Youssef, Eduardo Campos, Cantareira, inflação, recessão, reeleição, e o ano acabando com um país sem rumo, se desintegrando.

Trata-se de um ano vaidoso, único, a grande vedete da década, falado, esperado. E agora, altivo e pomposo, insiste em não passar, teima em não dar lugar ao seu sucessor. Chega a dezembro com todo fôlego como se ainda fosse março. Posterga o apagar das luzes e se debate em manchetes de jornais, operações da Polícia Federal, atas do Copom e metas fiscais. Não se cansa. Faz de tudo para não terminar.  Chega ao fim e deixa um enorme sentimento de decepção em toda a nação. Chega ao réveillon com um gosto de quarta-feira de cinzas.  Um clima de ressaca. Bombardeados por notícias ruins por todos os lados, acordamos de um sonho de cinderela sem carruagem, sem abóbora e com o príncipe detido na polícia federal.

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Mas não, não há decreto presidencial, urna eletrônica ou bolsa família que consigam reeleger este déspota para mais um mandato, terá sim, que passar. Passar silenciosamente como todos os outros anos. Apenas 365 dias, e mais nenhum minuto lhe será dado. Não adianta ameaçar o Pelé, fechar o Orkut ou ressuscitar o Eurico Miranda. Acabou. Ainda que os anais da história lhe guardem na imortalidade, o tempo implacável o subjugará no melhor dos palcos para déspotas vaidosos: o passado. Ficará marcado para sempre por eventos que sangraram a vã ingenuidade de torcedores e de militantes políticos que se deixaram, mais uma vez, cegar por fanatismos e partidarismos, e viram, vexatoriamente, desaparecer toda a sua honra e seu motivo de orgulho. Pagaram pra ver. Foram ao Mineirão pra ver. Votaram pra ver. Então viram. 2014 mostrou.

Agora, esmagado entre uma copa e uma olimpíada, esquecido, pouco falado, 2015 chega tímido, inseguro, duvidoso. Herdará um país vivendo no limite. Desacreditado. Incerto. Terá a árdua missão de tentar manter coesas nossas bases políticas e econômicas. De julgar o Petrolão. De renovar a seleção. De controlar a inflação. De encher a Cantareira. Dilma? Graça Foster? Dunga? Joaquim Levy? Não sei. 2015 chega incerto. Sem grandes eventos, sem eleições, quase sem presidente, sem direção e provavelmente sem governabilidade. Uma grande folha em branco. De simples coadjuvante, poderá vir a ser o grande e verdadeiro protagonista desta década. Que consigamos terminar o que resta de 2014 e que venha 2015. Feliz Ano Novo e adeus Ano Velho, vou repetir, adeus, adeus Ano Velho!

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