17 novembro, 2014
Comentários

Vereador Edvaldo da Silva tem seu mandato cassado em Quatis

"

Radialista falsificou diploma escolar e foi cassado por conduta irregular e quebra de decoro

Quatis é uma cidade rural relativamente pequena e com baixa arrecadação. Um município calmo, onde todo mundo conhece todo mundo. Porém, a população quatiense vem mostrando ser uma grande fiscalizadora e tem tomado frente nas principais decisões e polêmicas que estão ocorrendo com frequência na cidade.

Nenhum vereador da cidade esconde que o trabalho no legislativo vem sendo prejudicado, pois houve duas grandes polêmicas. A primeira aconteceu no início do ano passado, quando um grupo de vereadores, de forma polêmica, assumiu a mesa diretora e conseguiu caçar o mandato do prefeito, do vice e de outros seis vereadores por alguns dias. Foi aí que a população de Quatis “acordou” e foi para as ruas, promovendo um verdadeiro ato de democracia. A manifestação teve resultado e poucos dias depois tudo foi normalizado, com todos retornando aos seus cargos e sendo eleita uma nova mesa diretora, de forma democrática. A segunda polêmica aconteceu este ano, após a denúncia de um morador da cidade, que informou que o vereador Edvaldo José da Silva (PR) teria falsificado um diploma do ensino médio.

No ano de 2009, Edvaldo ocupava o cargo de diretor da Secretaria da Câmara de Quatis. Por se tratar de um cargo comissionado, o então diretor apresentou um diploma de conclusão do Ensino Médio. Ele também apresentou o mesmo documento quando ocupou, no ano de 2010, o cargo de chefe do almoxarifado e patrimônio. Porém, segundo investigação do Ministério Público Estadual (MPE), o diploma, que era do Colégio Crispim Jaques Bias Fortes, em Barbacena (MG), era falso. A própria diretora do colégio confirmou a informação. Em janeiro deste ano, a juíza da comarca de Porto Real-Quatis, Priscila Dickie Oddo, condenou o radialista por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. Edvaldo terá que devolver todo o dinheiro que recebeu durante o período que ocupou os cargos comissionados e ainda pagar uma multa de cerca de R$ 4 mil reais, três vezes o valor do seu salário como diretor. Ainda segundo a decisão judicial, Edvaldo perdeu os direitos políticos por oito anos e estará impedido de assumir qualquer contrato com o Poder Público da cidade.

 

""

VEREADOR É CASSADO EM SESSÃO DE JULGAMENTO

 

A Câmara Municipal de Quatis no dia 11 de novembro deste ano esteve tão cheia como no dia 12 de março de 2013, quando Celso Pineschi (PSDB) assumiu a presidência da casa depois de toda aquela turbulência. Desta vez, o motivo de tanta gente era a possível cassação de Edvaldo, que não compareceu à sessão. Durante a leitura do texto de denúncia, lido pelo próprio denunciante, o vereador Hélio Baptista (PMDB), já se via que Edvaldo não teria moleza, pois algumas partes dos textos foram muito contundentes, como: “A Câmara Municipal de Quatis merece respeito”, “A justificativa da defesa foi ridícula”, entre muitas outras.

Momentos antes da sessão de julgamento começar, estivemos com exclusividade com o prefeito Bruno de Souza, do mesmo partido de Edvaldo, o PR. O prefeito revelou que ficou neutro neste caso e que não iria interferir na decisão dos vereadores. Segundo fontes da revista Por Aqui, Edvaldo já vinha incomodando os colegas do legislativo e também o executivo, com críticas e pedidos sem nexo, além do fato de querer falar em excesso nas sessões ordinárias. Com isso, ganhou a antipatia dos colegas e viu o prefeito, seu colega de partido, não se envolver na sua polêmica.

Começando a sessão, após a leitura do longo texto, todos os vereadores votaram a favor da cassação do vereador Edvaldo por conduta irregular e quebra de decoro. Segundo o relator da Comissão Processante, o vereador Paulo Moreira (PR), Edvaldo teve todas as chances para se defender, mas não o fez. “Desde o começo da Comissão Processante, nós procuramos conduzir o processo com ele junto. E o que ele mais solicitava, a perícia do diploma, nós falamos que íamos fazer, mas ele disse que tinha perdido o documento. Ele também não encontrou um aluno sequer ou um professor que estudou com ele”. Já o vereador Hélio Baptista declarou à população de Quatis, que está cobrando que os políticos da cidade trabalhem com ética. “É preciso participação. É preciso fiscalização. Nós precisamos ser fiscalizados e devemos fiscalizar. A população fez a denúncia e provocou a casa a tomar uma atitude. Isto é o principio da democracia, a participação popular”. O presidente da Câmara, vereador Celso Pineschi, revelou que este fato é inédito no município. “É a primeira vez que se finda um processo de cassação na cidade. Quem vai assumir a cadeira deixada pelo Edvaldo será o Pastor Márcio (PR)”.

No dia seguinte de sua cassação, Edvaldo postou um texto em uma rede social e um dos dizeres era: “Espero que Quatis realmente melhore com a minha saída e que o vereadores que cassaram o mandato que o povo me honrou, façam como eu fazia, caminhem pelos bairros, ouçam o povo, visitem as escolas, ajudem aqueles que precisam de atenção, visitem os postos de saúde, acompanhem como eu acompanhei o sofrimento de muitas pessoas que buscam os serviços públicos nessa cidade e não encontram”.

A população de Quatis espera ansiosamente do legislativo quatiense um ano de 2015 com muito mais trabalho e bem menos polêmicas.

 

"

Comentários