Entenda bem a paralisação dos caminhoneiros
Nos últimos dias a população brasileira elegeu um novo herói nacional, o caminhoneiro.
Há muito tempo não vemos no Brasil uma situação como esta dos caminhoneiros. Uma situação que se espalha para tantas outras áreas da economia e dia a dia das pessoas.
Mas vamos entender porque isso aconteceu e porque estourou com esta crise dos caminhoneiros.
Para isso, precisamos primeiro fazer uma análise do mercado de fretes, ou seja, do mercado de transportes de carga no Brasil. Ao longo dos últimos anos, o PIB, ou seja, a soma de tudo aquilo que é produzido no país teve uma queda de aproximadamente 10%. O PIB de serviços, categoria na qual os caminhões estão inseridos, caiu mais que 12%, e esta queda aconteceu logo após uma época em que a frota de caminhões cresceu muito no Brasil. Lembre que em 2008 o mundo atravessou uma grande crise econômica mas logo em seguida atravessou um momento de muita liquidez, ou seja, muito dinheiro disponível para as pessoas, através de juros baixos e crédito maior. Muitos caminhões foram vendidos nesta época, aumentando consideravelmente (em mais de 20% desde 2010 até 2017) a frota de caminhões no Brasil. Mas agora, esta frota tem que transportar uma riqueza que é 11% menor, se comparada a 2010. Ou seja, temos 20% a mais de caminhões para transportar 11% a menos de carga.
Já de conhecimento desta situação, agora podemos analisar os custos dos caminhoneiros, principalmente o diesel. O barril de petróleo que custava, em janeiro de 2016, US$ 40,00, passou para pouco mais de US$80,00 o barril atualmente, ou seja um aumento de mais 100%. Para piorar esta situação, houve nos últimos meses, uma desvalorização do real perante o dólar, aumentando ainda mais o preço do barril em reais.
Além disso, quando o governo Temer assumiu, ele nomeou Pedro Parente como presidente da Petrobrás e o novo presidente alterou a política de preços da empresa, passando agora a responder automaticamente a um aumento do preço do petróleo, exigência antiga dos acionistas minoritários da empresa, leia-se bancos e fundos de pensão.
Portanto, a situação era a seguinte, a redução do PIB, consequência da maior recessão que o Brasil já passou e do maior número de caminhões no mercado (lembre que em 2010 houve um aumento considerável nas vendas de caminhões) a receita dos caminhoneiros diminuiu consideravelmente. Paralelamente a isso o aumento considerável do diesel e a nova politica de preços da Petrobras aumentou demasiadamente os custos dos caminhoneiros ao ponto de alguns operarem sem lucro algum.
Agora, junte a isso a impopularidade do governo Temer (6% de aceitação). Pronto, está feito o cenário de crise, a população, insatisfeita com o governo se vê representada na pessoa do caminhoneiro, o novo herói nacional, que incorpora o papel e passa a brigar também pelos preços da gasolina e álcool.
Por Leonardo Ramos e Vinicius Neves - Meta Controladoria
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